Foto: https://www.ppgech.ufscar.br/
DALTON LOPES MARTINS
É natural de São Bernardo do Campo, no ABC de São Paulo, SP.
Professor no curso de Biblioteconomia da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) na Universidade de Brasília (UnB) e no Programa de Pós-graduação em Comunicação PPGCOM (Mestrado) da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás.
Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (2002) e mestrado em Engenharia da Computação pela Universidade Estadual de Campinas (2004).
Doutor em Ciências da Informação pela ECA-USP (2009-2012), trabalhando com o tema de mapeamento, análise estrutural e dinâmica de Redes Sociais em ambientes digitais distribuídos. Tem experiências nas áreas de inclusão e cultura digital, análise de redes sociais, estudos métricos, organização e representação da informação e aprendizagem de máquina. Tem trabalhado atualmente em pesquisas na interface das áreas de Comunicação e Informação, focando nos fatores e nas condições que favorecem a formação de coletivos inteligentes e pesquisas com aplicações de Ciência de Dados (aprendizagem de máquina e mineração de dados) em problemas envolvendo políticas públicas, mídia e participação social.
Fonte da biografia: http://biblioteconomia.fci.unb.br/
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MARTINS, Dalton Lopes. Lentes dissidentes. Brasília, DF: Semibreve, 2020. 80 p. Prefácio: Keyane Dias. Capa: Juliana Russo. Coordenação editorial: Larissa Mundim. 16 x 21 com
ISBN 978-65-991905-1-3
Ex. bibl. Antonio Miranda
DOMÍNIOS DE SI
Apenas por entre silêncios
Há uma voz que fala
A palavra liberta
Dos domínios de si.
Silêncio dos sentidos
Que calados apenas observam
O emudecer do ritmo
Do pulso que se expande.
Desencontro de palavras
Que de distantes
Se entrelaçam nos ecos
Esvaziados de multidão.
Presença de um ponto final
Demarcando o tempo de espera
De onde já não há entres
E nem o mais do vir e ser.
A secura do que não aperta
E nem constrange de ausência
Não esvai de solidão
O vazio do que se aguarda em estado de alerta.
Apenas a palavra liberta
Dos domínios de si.
DADA
É como cair numa praia deserta e gritar ao Sol
para que leve
Te trague numa fumaça de dor e perpetue a
esperança do vento.
Ela passa e quer passar, há de me arrancar as mais
doces lágrimas.
Mas hei de observá-la do alto de minha solidão.
Vivo no tempo
Muito mais que no sonho
Conjugo segundos
E descrevo minutos
Numa conta sem fim.
Se sucedem as loucuras como se sucedem os
loucos.
Talvez eu o seja, talvez não.
Quem há de ser, se a lógica não me explica e a
retórica me é muda,,
Sou apenas o início e o fim de uma versão de mim
mesmo.
Escuto o silêncio das vozes na rua
São as bocas sem fome, são as fomes sem dor,
São os olhos do homem a brilharem sem cor
mas, se eles dançam, eu paro e presto atenção.
VOZ DO TEMPO
Não há poesia que represente minha alma
Assim como não há dor que represente minha
morte.
E vivo e morro no intervalo de um instante
Em que projeto meu ser pelas coisas fugidias,
E me vou por entre faces, bocas e pensamentos
Em busca da palavra, o elo entre os momentos.
E assim sendo, silencio ante o tempo
Num pacto vermelho sangue, discreto
Em que a vida me absorve, me traga
Na forma única e possível de amar.
TRANSCENDÊNCIA
Fabrico meus fatos, mas não me basta.
É do cotidiano vivido e inventado que nascem
minhas palavras.
E apenas no espanto, sou capaz de me reconhecer.
Isso é pouco e é tudo o que tenho.
Mas, vivo assim, vivo fabricando minhas vestes
E as cores em que me apresento.
Ainda assim, não me basta.
Preciso de intimidade com a loucura.
Ficar a sós e observá-la, reconhecendo em cada
grito
A ruptura de uma vértebra, de um tecido, um
órgão.
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Página ampliada em fevereiro de 2021
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